quarta-feira, 30 de abril de 2008

essa tal liberdade

parece que estou vendo um filme da minha própria vida quando escuto as histórias do Jotapê e da Leandra. meu último namoro também durou por um tempo longo, metade da história deles, quatro anos, mas também foi longo. eu e Anderson até chegamos a morar juntos. tivemos muitos momentos bons, grande parte acima da média. e é lógico que quando tudo acabou (isso faz quase um ano) foi muito dolorido, e ainda é. mas hoje vejo com um pouco mais de clareza que encerrar ali foi necessário. eu era e ainda sou jovem demais para ter algo tão sério com alguém.

hoje, eu tenho a minha casa, a minha rotina, as minhas coisas, as minhas contas para pagar, o meu tempo só pra mim e eu me viro muito bem nesse meu mundo, aproveito melhor a vida, coisa que antes eu jamais imaginava fazer. eu não era capaz de enxergar a minha existência sem ser a metade de um casal. estar fora disso, para mim, era o mesmo que não estar. mas forçadamente, ainda bem, hoje sei que ser uma só, decidir tudo por mim, não atrelar meu próximo passo ao do outro, enfim, entender o que é liberdade, pra mim tem sido a melhor experiência que vivi até agora.

liberdade pra quem é novinho (eu sou nova, mas não novinha) se confunde com zoação, ir pra onde quer, com quem quer, na hora que quer, voltar quando quer ou nem sequer voltar. até pouco tempo atrás eu achava que era isso também. é claro que em termos é, sim, mas na verdade é algo muito maior.

não quero dizer com isso que deva ser assim pra sempre, mas é importante que seja agora. não quero dizer com isso que saio por aí fazendo mil loucuras, mas me sinto à vontade para fazer as coisas dentro dos limites que eu mesma coloco. não quero dizer com isso indiretamente que o Jotapê deva terminar com a Leandra, mas declaradamente acho que ele deve refletir sobre isso. pra que hoje ele não se veja um velho na pele de novo, pra que amanhã não se veja um moleque na pele de um velho. pra que entenda primeiro o que é ser livre e só então possa juntar sua própria liberdade com a de outra pessoa. a Bia já sabe o que é isso. talvez seja a única de nós no ponto de saber.

ps. Bia, só não me caia na cilada de se apaixonar por um gay, hein? aliás, oq vc anda fazendo essa semana q nao blogou???

sábado, 26 de abril de 2008

O médico e monstro

É estranho trabalhar em um hospital sem ser médico ou enfermeiro. Parece que ninguém se dá conta de que aquilo é como uma empresa qualquer, tem contas para pagar, um estoque para controlar, um inacreditável esquema de logística...

Mas deixa pra lá. Já me cansei e tenho certeza de que já cansei a paciência de todos ao meu redor com essa conversa furada. É que não consigo me acostumar a passar por um daqueles corredores e ser confundido com um médico. Se bem que, no começo, me sentia até honrado ao ver aqueles rostos doentes implorando pelo meu diagnóstico.

Muito bem, depois de duas semanas com uma gripe forte, a mesma que trouxe metade da cidade ao hospital, decidir descer e fazer uma consulta com o médico de plantão. Até imaginei encontrar a Bia pelos corredores, mas aquela hora ela devia estar em outro plantão ou de folga, é impossível acompanhar a rotina dela.

Pelo contrário, para a minha surpresa o médico do horário era ele: Dr. André Machado. Engraçado, ele não tem cara de Machado, está mais para André mesmo. Quero dizer, ele faz bem o tipo da maioria dos residentes: cara de moleque cheio da grana que está cumprindo a pena necessária para válidar o diploma e obter um mínimo de conhecimento antes de abrir o próprio consultório e atender apenas a clientes de (bons) convênios.

Sem me identificar, quer dizer, sem dizer que era amigo da enfermeira Bianca, contei a ele o meu caso. Como ele sabia que eu era funcionário do hospital, creio que consegui uma atenção maior do que a normal. De fato, ele foi muito gentil desde o começo.

- Tudo bem, suba ali na maca e tire a camisa - ele disse.

Até então, imaginei que tudo se tratava do procedimento clínico convencional. Até ele fazer um comentário que me deixou, literalmente, com o cabelo em pé:

- Puxa, quantos pêlos no tórax! Sabia que o meu peito é lisinho?

Ora, que diabos era isso? Creio que essa seria uma péssima cantada mesmo se eu fosse fosse gay.

- A mulhereda costuma gostar - falei, tentando descontrair e deixar claro as minhas preferências, mas já tenso.

Depois de examinar meu ouvido, garganta e pulmões, pediu-me para deitar na maca e começou a apertar minha barriga. Agora, tudo que fizesse teria uma conotação homossexual para mim. Até que ele voltou a me surpreender:

- A Bia me falou bastante de você, Jotapê. Como vão as coisas com a namorada?

A pergunta me deixou tão ou mais desconcertado do que a primeira. Ora, se ele sabia quem eu era e, pior, das minhas "convicções", digamos assim, por que agiu daquele jeito?

- Confusas - respondi. Tudo está muito confuso...

- Pois bem. Pode pôr a camisa e esconder esse peito peludo. Passe aí do lado e tome essa injeção de corticóide. Depois tome esses remédios que eu vou lhe prescrever e logo logo você vai se levantar.

- Doutor, eu não preciso de remédio nenhum pra me levantar, pelo menos por enquanto...

Ele sorriu e me disse se não podíamos marcar de sair um dia desses.

- Você quer dizer, você e eu...

- E a Bia e a Majô. E a Leandra, se você quiser.

- Oh, sim. Claro... Obrigado, doutor Machado.

- André, pode me chamar só de André.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

tpm

toda vez que minha mãe me chama de dramática rindo na minha cara sinto que ela na verdade pensa que eu sou uma palhaça de circo
digo (dentro da minha cabeça)
:
mamãe, pega essas tuas longas unhas arredondadas e vai lavar as minhas calcinhas.
vc vai sentir o cheiro de fêmea brava no cio!
as minhas unhas são quadradas pq tudo nessa vida tem ponta onde a gente se enrosca.
e se arranha
nada é fácil, nada é redondo e é por isso q eu faço drama, muito drama mesmo!!!

Estou puta porque:

1) Soube há poucos minutos por e-mail que não passei na seleção da bolsa para o curso Master in Lighting Design (MDL), na Itália, pro qual eu vinha me preparando arduamente.

2) Descobri que a Bia PERDEU o meu DVD da Ana Carolina e Seu Jorge porque emprestou sem eu saber para o Jotapê, que deixou na casa da Leandra! O mesmo q foi motivo da maior briga na hora da "partilha de bens" quando eu e Anderson terminamos.

3) Minha chefe efetivou uma estagiária maldita e folgada q não sabe fazer nada sozinha e ainda fica pendurada no meu ramal fofocando com as amigas!

4) Após me ligar várias vezes neste fim de semana me chamando pra sair e só ouvindo desculpas, o intelectualóide meio-mastro ligou mais uma vez para para "terminar" (o q ele nem começou). Disse que "não estava pronto para um novo compromisso". haha tá bom, vai, isso até foi divertido.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Picanha ao ponto, mas com salada

Cedendo aos insistentes pedidos de meus companheiros de blog, enfim vou escrever sobre o desenrolar da minha história com o Dr. Machado, que agora é simplesmente André. Mesmo porque, não seria justo eu ficar me resguardando depois da retaliação da Leandra em relação aos últimos posts do Jotapê, que segundo ela fica expondo a história dos dois “nesse espaço ridículo”.

Bom, depois de uma série de “coincidências” que nos levaram (eu e o André) ao mesmo momento à máquina de café (nada como fazer a unha com a esposa do cara que cuida do monitoramento câmeras do circuito interno), e de diversas conversas sobre o tempo, o capuccino sem gosto, plantões e pacientes malas, consegui que ele me convidasse para almoçar numa sexta-feira, depois de um plantão de 24 horas.

Óbvio que tomei banho na clínica e caprichei no melhor estilo “não estou nem ai, só tomei um banho, sou sempre assim despojada”. Saímos. E daí, meu primeiro fora, sugeri irmos a um rodízio ali perto, mas o André solta essa: “Ah não, sou vegetariano. Você já viu como é o abate dos animais?”.

Nesse momento eu quis sumir. Só não sei se por causa do fora ou por descobrir que ele não era perfeito. Sinto muito se você não come carne, mas para mim isso é um grave defeito, além de uma chatice. Eu amo os animais, inclusive a minha vaquinha da Parmalat, mas amo mais ainda uma picanha no alho. Sinceramente, há cinco tipos de pessoas que eu não confio: políticos, testemunhas de Jeová, gente que tem enxaqueca, que gosta de pitbull e que não come carne.

Mas enfim, o mercado está ruim e me vendi ao sistema: nesse dia pedi um salmão com molho de maracujá. Passado o susto, conversamos bastante e trocamos olhares e telefones. Ele me ligou no domingo, do seu plantão e me chamou para sair na terça, mas dessa vez quem estaria de plantão era eu. No final de semana seguinte, ele viajou para a casa dos pais, em São João da Boa Vista. Daí eu aproveitei e fui pra Santos com a Jú. Neste final de semana, ambos pegamos plantões, mas em locais diferentes, ele na clínica e eu em Guarulhos. Temos nos falado com freqüência e devemos sair amanhã. Acabei relevando o lance da carne, afinal, a carne é fraca.

Respondendo desde já:

- não, Majô, eu ainda não o beijei, não sou um lesma nem ele é viado, apenas estamos deixando as coisas fluírem naturalmente;

- ele sabe que sou carnívora e garanto que em determinado momento vai até curtir essa idéia;

- apesar dos inúmeros plantões noturnos, não estou querendo ficar rica, apenas tentando quitar as prestações do Fox antes que ele decepe meu dedo.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Feitiço do Tempo

Tentei falar com Leandra a semana inteira, mas ela me evitou com a velha desculpa de que precisava estudar para o exame da Ordem. Ela sempre usa esse pretexto quando não quer falar comigo. Depois de prestar esse maldito exame por cinco vezes, acho que nem ela mesma acredita que vai passar algum dia.

Na falta do que fazer em plena sexta à noite, convidei as meninas para assistirem a um filme comigo. Depois da experiência com o intelectualóide meio-mastro, a Majô até pensou que eu estava de brincadeira, mas acabou vindo. Elas estão do meu lado, me enchendo de palpites, enquanto tento escrever.

- Jotapê, não sabia que você sabia escrever tão bem - acaba de me dizer a Bia.

- É verdade. Pra mim, faz tempo que você não é mais que o "namorado da Leandra" - falou a Majô, na seqüência.

Fui obrigado a concordar. Em algum momento deixei de ser um cara legal, interessante e engraçado para me tornar esse Jotapê estranho, o "namorado da Leandra". Eu sempre soube escrever bem, oras! Afinal, eu não era o letrista d'Os Lanternas? Meu irmão mais velho (sim, o ex da Majô) era apenas o vocalista. E pensar que, na época, nós nos achávamos os próprios irmãos Gallagher...

Em vez do sucesso, acabei largando a banda a pedido de Leandra, que reclamava da rotina de ensaios e shows mambembes. Em vez de fazer a faculdade de Cinema que eu tanto queria, acabei me formando em administração, e hoje não consigo explicar a ninguém o que eu faço. Em vez de...

- Jotapê, você escreve bem, mas é lerdo demais! - reclamou a Bia. - Vem logo que o filme vai começar.

Tudo bem. Eu já assisti a esse filme várias vezes. Tudo não passa de uma grande repetição, não é mesmo?

quinta-feira, 17 de abril de 2008

tente outra vez

essa história de "a primeira impressão é a que fica" pra mim é papo velho, slogan de desodorante fedorento. eu acredito na segunda chance. pq nem sempre a gente acerta logo de cara.

a primeira coisa q iluminei na vida foi o show de estréia da antiga banda do Jotapê (na época que eu ainda namorava o PH, o irmão dele) e foi um desastre. Eu adorava ver os ensaios e queria participar. mas como não sabia tocar nada, eles me mandaram ajudar com as luzes pra eu parar de encher o saco. o lugar - um boteco tenebroso - nao tinha sistema de iluminacao e eles queriam fazer algo diferente. toda empolgada, fui eu na loja gastar o dinheiro da mesada em lâmpadas coloridas e extensões. tudo na voltagem errada! resultado? na hora H a luz ficou fraquiiiiiinha e o episódio entrou para a história como a "noite das lanternas". a banda até mudou de nome depois para Os Lanternas. é claro q os meninos me xingaram demais e tiraram muito sarro de mim (até hoje!). mesmo assim, me deixaram tentar de novo. e no show seguinte me empenhei tanto q essa brincadeira acabou virando a minha paixão, a minha profissão.

pensando em tudo isso, resolvi dar uma segunda chance para o intelectualóide. sei lá. pensei q, talvez, ele meio-brochou na nossa primeira vez por minha causa e não por causa dele. vai ver na hora q ele sacou q eu nao sei nada de cinema pensou "afff q ignorante" e não se empolgou. A Bia achou essa idéia nadaver, o Jotapê disse que era bem possível. então, antes do nosso encontro no sábado, só pra garantir, resolvi entrar num treinamento intensivo de cinema. peguei uns dvds emprestados com a Cris, vasculhei o imdb.com, a wikipedia, o omelete, o e-pipoca atrás de referências. e cheguei no encontro qse uma Rubens Ewald Filho de saia (e sem cavanhaque). foi legal. a conversa flui melhor. ele se soltou bem mais.

porém... ai, porém
na hora fatídica em que a bandeira foi hasteada, luto!
aconteceu de novo! e não teve Oliver Stone q fizesse ela subir para mais de meio-mastro.

terça-feira, 15 de abril de 2008

A inveja é uma merda

Domingo à tarde, eu e a Jú na praia, estendidas que nem duas jacaroas. Resolvemos aproveitar nosso restinho de final de semana e a folga de segunda em Santos. Antes que me chamem de folgada, quero avisar que tinha acabado de largar um plantão de 24 horas em Guarulhos, ok?

Nosso plano era: descer e não ter que fazer almoço nem jantar (a gente fica na casa da mãe da Julianne, que faz de tudo pra agradar a bebezinha de 28 anos que a abandou e mudou pra São Paulo), pegar uma praia e aproveitar pra beber até cair gastando pouco de taxi.

Daí a gente liga pra Luiza, amiga da Jú lá de Santos, pra saber qual era a boa da noite: Badovick? Heins? Ou chutar o balde e ir direto pro Toninho ou pro bar do Jorge de havaianas mesmo? Daí a Luiza vem com essa:

- Não posso, amiga, to morta hoje, não agüento nem nada light. To desde quarta saindo toda noite.

- É mesmo? E o que tanto tem pra fazer nessa cidade?, perguntou a Jú.

- Ah... amiga, tu sabe né? Eu não valho nada, to de A a Zinco.

Essa eu não conhecia: “de A a Zinco”. Achei o máximo, caiu na rede é peixe e revirar a agendinha é coisa do passado. A moda agora é “de A a Zinco”.

Sinceramente, não sei como a Luiza agüenta. Tudo bem que ela trabalha na comissária de despachos do pai e só entra às 10h, mas haja vitamina né? E homem? Onde é que ela arruma tanto homem em uma cidade de 400 mil habitantes e eu tendo toda a Grande São Paulo aos meus pés (com plantões em Guarulhos e São Bernardo) não consigo nem chegar à Aspirina C.

Eita fase. Acho que to precisando de um negão pra tirar a zica. Ah, só um detalhezinho que omiti até aqui: a Luiza é loira e magra!

sábado, 12 de abril de 2008

Sem parar

Eu já havia preparado um rascunho de testamento, imaginando a reação de Leandra ao descobrir que escancarava aqui um pouco da nossa intimidade, ou a falta dela. Já havia até designado a Majô para cobrir os custos do meu funeral. Afinal, foi ela a mentora intelectual (ou intelectualóide?) deste nosso blog.

Por isso, fiquei surpreso ao me deparar com uma Leandra não somente dócil como amorosa, completamente diferente da pessoa que fingia ignorar meus apelos mais primitivos há mais de três meses.

- Você não ficou chateada? - perguntei, ainda dando corda e esperando as pedradas assim que ela baixou em casa.

- Claro que não, João Pedro. Todos nós temos os nossos pecadinhos, certo? - ela disse, um tanto maliciosa, mas sem maldade, se é que me entendem.

Não, vocês não entendem. Porque esse é exatamente o sinal que ela costuma me dar quando deseja que eu avance o sinal. E mesmo que eu não tivesse entendido, Leandra fez questão de se fazer mais clara. Foi logo se livrando das roupas e se jogando em cima da cama desfeita, como sempre.

- Você vai contar o que aconteceu hoje com a gente, no seu blog? - ela perguntou, enquanto fazíamos amor. Leandra costumava falava sem parar durante a transa, dos problemas no trabalho ao capítulo da novela. Eu só sabia quando ela atingia o orgasmo por conta de uma leve mudança no tom de voz, que ficava mais aguda.

- Ora, não sei. Acho que não. O que você acha?

- João Pedro, você não é tão certinho assim. Eu li os seus textos. Os seus e os das suas amigas. Vai me dizer que, nesses oito anos, você nunca deu uma puladinha de cerca?

- Não, nunca! Nem com elas nem com ninguém - respondi, nervoso e quase ficando a meio-mastro, como o pretendente da Majô. - Você estave sempre comigo, desde os tempos da minha banda, depois na faculdade, e agora. Nem que eu quisesse!

- Desculpa, esquece o que eu disse, tá? - ela murmurou.

- Ora, por que esse assunto agora? Minhas amigas tinham razão por desconfiar de você? Você quer me dizer algo? Alguma vez nesses nossos oito anos você já me traiu e...

- NÃO PÁRA, JOÃO PEDRO!

- O quê?

- NÃO PÁRA!!! NÃO PÁRAAAAAAAAAAAA...

Bem, eu não parei, mas precisei interromper o interrogatório sem conseguir nenhuma resposta. Puxa, foi nossa melhor performance em anos. Mas não posso afirmar se, da parte dela, foi tudo real ou não passou de fingimento. Alguém aí pode me dizer que parte da história eu perdi?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

brochada intelectual

Minha avó costumava dizer q pensar demais faz o sangue subir pra cabeça e faltar nos braços... Mas acho que só agora estou começando a entender o que realmente ela queria dizer com isso. Algumas amigas já haviam criado milhares de teorias sobre homens muito intelectualizados e o ponto em comum em quase todas era que esses caras não funcionam bem na cama. Sempre achei besteira, pq afinal, sempre namorei homens inteligentes e eles não faziam feio nesse aspecto. Mas hoje noto que ser inteligente é uma coisa, ser intelectual é outra.

Nessa manhã preguiçosa de domingo, com aquela chuva emprestada do sábado, recebo um torpedo: "Afim de um filminho hoje na minha casa?" Era do intelectualóide que eu beijei na festinha da amiga da Cris na semana passada. Achei meio avançadinho o convite, mas como no geral achei ele meio devagar, não vi nenhum mal e respondi: "Q hs?"

Tudo ia bem. Fiquei impressionada com o bom gosto - até demais - do apartamento, a decoração, os quadros, a iluminação... Ele criou um clima legal com a música, vinho e tal... Logo saquei que havia subestimado a intenção do rapaz e pensei "ainda bem que minha depilação ainda está no prazo de validade". Aos poucos relaxei, ele ligou o filme, fui me envolvendo, mas não sei o que aconteceu... Ai, Conto ou não conto? Bom, como prometi q ia jogar um holofote nas minhas coisas obscuras, então... lá vai:

Foi só começar o filme e ele entrou numas conversas de quem dirigiu, perguntava se eu gostava do diretor, se eu conhecia a obra do cara. Começou a citar vários outros e me perguntar sobre eles. Ahh Pera lá, quer brincar de quiz? Se inscreve no Silvio Santos. Comecei a me irritar com o papo. Acho que ele percebeu e resolveu me dar uns amassos pra consertar. Até que... rolou. Mas ele não se empolgou como deveria. Quero dizer, não é que ele falhou totalmente. Mas a bandeira ficou hasteada o tempo todo a meio-mastro. Foi uma bosta. Engraçado que ele se comportou como se tudo estivesse normal!!! Ou é bom ator, ou é sempre assim.

Na hora de a gente se despedir, ele deu a entender que quer me ver de novo. E agora? Dou uma segunda chance?

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Update
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Essa é para o Jotapê

terça-feira, 8 de abril de 2008

prazos e losers

“Dead o que?” Nunca vou me esquecer do quanto critiquei a Cris no dia que ela me explicou que deadline era o nome que os jornalistas davam para o prazo de entrega das reportagens. Eu, uma profissional da Saúde, julguei um absurdo eles utilizarem a palavra morte para um simples prazo. Lembro que falei que só podia ser coisa de jornalista mesmo: aquele povinho metido a besta, de All Star fedorento e franjas ridículas!

Há tempos desisti de freqüentar as festas dos amigos da Cris, como essa que a Majô arrumou o bofe. Tudo bem, Jotapê, antes que você fale que minha lista seria bem menor se não fossem essas festas e como eu fui cruel quando dispensei aquele fotógrafo SÓ porque ele considerou o número de pedaços de pizza que cada um comeu na hora de rachar a conta, quero lembrá-lo que isso faz parte de um passado negro e que agora visto com orgulho a minha camiseta: “Losers, não vou”.

Mas enfim, esse post na verdade é uma maneira de me redimir com a Cris, pois à medida que o dia que a Majô estipulou para eu escrever no blog ia chegando, eu, sem idéia nenhuma, fui me desesperando e enfim sentindo o peso do “dead” do tal prazo. A Majô sabe ser autoritária quando quer, caramba: ela mandou mensagens no MSN, torpedo, e-mail e scrap avisando: não esqueça que segunda-feira é o seu dia de atualizar o blog!

Domingo à tarde, eu num plantão de bosta, dando bronca em uma auxiliar que furou três vezes uma paciente idosa antes de achar a veia da velhinha. De repente, toca o bip de mensagem do meu celular. Corro imediatamente pra saber se é alguma novidade do Dr. Machado (ele ia dar plantão na policlínica que a Jú trabalha), e não, simplesmente é a mensagem da dona Marjorie. Bem ou mal, essa iluminista conseguiu: Ta aqui, Majô, enrolei direitinho, mas escrevi! Tudo bem que no dia seguinte, mas releva, vai, desde o princípio não curti o tal do deadline.

sábado, 5 de abril de 2008

Chega de saudade

Sinto um grande desânimo só de acompanhar minhas duas amigas nesse processo lento e incerto de conquista. Não sei se teria condições de repetir todo o ritual mais uma vez. Tudo isso para dar onde deu, ou melhor, não deu, se é que fui claro.

Leandra e eu estamos cada vez mais distantes. Ou talvez sempre estivemos, e só agora eu me dou conta. A verdade é que estou em crise, e nossa abstinência sexual não me ajuda em nada.

Animadas em contar sobre suas novas presas, Majô e Bia mal me davam atenção. E quando faziam algum comentário era apenas para me encher o saco.

- Feliz 2008! – avacalhava a Majô.

Mais séria, Bia me fazia confirmar inúmeras vezes que eu ainda não havia perdido a virgindade este ano.

- Você deve ter se enganado. O que vocês fizeram no Carnaval?
- Assistimos ao desfile das escolas de samba na TV. Leandra adora, esqueceu?
- Sei não. Será que ela não está te passando pra trás? – perguntou a Majô, daquele jeito em que ela mesma parece ter a resposta.

É claro que neguei e, na hora, fiquei emburrado com aquela trocadora de lâmpadas travestida de arquiteta. Mas depois, como era de se esperar, fiquei encucado. Maldição! Por mais que tentasse, não conseguia pensar em Leandra com outro cara. Fazendo o que minhas amigas agora faziam para impressionar os caras.

Passei a noite de sexta-feira e a madrugada trancado no quarto, tocando minha guitarra exaustivamente, me sentindo uma espécie de João Gilberto, com a diferença que no dia seguinte eu teria de encarar o mundo lá fora. Droga, esses oito anos de relacionamento com Leandra me prenderam em uma eterna adolescência.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

sábado de aleluia

não posso me queixar desse último sábado. motivo 1 - aleluia! conheci um cara legal. motivo 2 - um cara legal que dá mais valor ao papo do que à bunda. motivo 3 - meu ex colaborou sem saber.

foi assim: a Cris, nossa amiga jornalista - que escolheu a profissão só para aparecer na TV mas ainda não conseguiu, conforme bem lembrou a Bia - me chamou para uma festinha. era aniversário de uma amiga de faculdade dela. então, já imagina, povinho descolado, falante, música boa, muita bebida e tal...

um cara lindo, alto e estiloso resolveu se aproximar e puxou um papinho de intelectual. pensamento 1: "ferrou! quanto tempo vou conseguir manter uma conversa com um jornalista?" ele contou que escrevia para um site de música, mas que também gostava de cinema e literatura... (ou era o contrário?) pensamento 2: "se o assunto for esse, não sobrevivo mais dois minutos!"

tentei caprichar nas respostas. contei que já tinha iluminado montagens de peças teatrais e shows. parece que esse papo interessou, mas chegou o momento fatal em que o assunto acabou. pensamento 3: "ou agarro agora, ou tudo está perdido"

até que meu falecido ex rogou por mim! a camiseta do paquera tinha uma estampa do Joy Division exatamente igual a uma que o Anderson tem, só muda a cor. Depois que notei esse precioso detalhe, tudo o que fiz foi repetir literalmente toda a opinião do meu ex que cansei de ouvir sobre bandas de rock. as mesmas que ele me obrigava a escutar repetidas vezes, até quando a gente transava (quer coisa pior que transar ouvindo Joy Division no repeat?) resultado: funcionou, ficamos e teve até troca de telefones.

resposta 1 - não, ainda não transamos e nem ouvimos Joy Division.
resposta 2 - eu sei. sou uma fraude, obrigada.
resposta 3 - tá, tá, ok. ele gostou foi do Anderson, mas quem beijou fui eu!