sábado, 5 de abril de 2008

Chega de saudade

Sinto um grande desânimo só de acompanhar minhas duas amigas nesse processo lento e incerto de conquista. Não sei se teria condições de repetir todo o ritual mais uma vez. Tudo isso para dar onde deu, ou melhor, não deu, se é que fui claro.

Leandra e eu estamos cada vez mais distantes. Ou talvez sempre estivemos, e só agora eu me dou conta. A verdade é que estou em crise, e nossa abstinência sexual não me ajuda em nada.

Animadas em contar sobre suas novas presas, Majô e Bia mal me davam atenção. E quando faziam algum comentário era apenas para me encher o saco.

- Feliz 2008! – avacalhava a Majô.

Mais séria, Bia me fazia confirmar inúmeras vezes que eu ainda não havia perdido a virgindade este ano.

- Você deve ter se enganado. O que vocês fizeram no Carnaval?
- Assistimos ao desfile das escolas de samba na TV. Leandra adora, esqueceu?
- Sei não. Será que ela não está te passando pra trás? – perguntou a Majô, daquele jeito em que ela mesma parece ter a resposta.

É claro que neguei e, na hora, fiquei emburrado com aquela trocadora de lâmpadas travestida de arquiteta. Mas depois, como era de se esperar, fiquei encucado. Maldição! Por mais que tentasse, não conseguia pensar em Leandra com outro cara. Fazendo o que minhas amigas agora faziam para impressionar os caras.

Passei a noite de sexta-feira e a madrugada trancado no quarto, tocando minha guitarra exaustivamente, me sentindo uma espécie de João Gilberto, com a diferença que no dia seguinte eu teria de encarar o mundo lá fora. Droga, esses oito anos de relacionamento com Leandra me prenderam em uma eterna adolescência.

3 comentários:

Majô disse...

ai, me poupe, jotapea, cansei de ouvir essa ladainha. sabe o q vc tem? preguiça.

em tempo: se nao fosse "a trocadora de lâmpadas" aqui, vc já estaria cego de tanto usar aquele abajur de merda na sua escrivaninha velha na posição e intensidade erradas. mas não agradeça a mim, agradeça às minhas aulas de ergonomia. aliás, vc já trocou a cadeira? tá bom, nao precisa responder...

Anônimo disse...

O que vc chama de desânimo eu chamo de certeza de que não quero procurar mais ninguém além de vc. Saiba disso. E não dê ouvidos a comentários maliciosos de quem não tem a menor idéia do que se passa entre a gente. Sim, acho que estamos mesmo no que parece ser uma crise. Mas essa não é a primeira que passamos nesses oito anos de relacionamento. E da mesma forma que superamos as outras, superaremos esta também, e sairemos ainda mais fortes dela, pode ter certeza. Não se iniba porque descobri este seu espaço. Minha intenção não é invadir. Gostei daqui. É bom conhecer esse seu outro lado que em oito anos não conhecia que é o de escrever bem. E foi bom porque percebi que vc está sensível à nossa situação, o que me tornou mais confiante ainda de que venceremos tudo isso. Um bjo. Com Amor.

Jotapê disse...

Se quer saber, Leandra acaba de me presentear com uma cadeira ergonômica. Nos falamos.