segunda-feira, 31 de março de 2008

Longe das telas

O comentário machista do JP sobre a minha profissão lembrou-me de todos os processos movidos pelo Coren contra emissoras de TV pela banalização da enfermagem. Apesar de parecer ridículo para muitos, o nosso Conselho tem razão sim, afinal, o fato de muita gente enxergar as enfermeiras como prostitutas de hospital é uma baita sacanagem! A gente estuda pra caramba, rala pacas, faz plantões desumanos, convive com a dor e a morte de perto e, ainda por cima, sofremos esse preconceito. Agora, deixando esse discurso politicamente correto de lado, que não me entendam mal, pois o Coren e a nossa classe tem razão, preciso confessar algo:

Quando eu entrei na faculdade passou pela minha cabeça ter uma vida emocionante como a do ER, ou do atual e mais sexual, Grey's Anatomy. E dai? Tenho amigas que fizeram jornalismo pra aparecer na TV e outras que cursaram direito pra usar terninho, então, qual o problema de que querer dar pro George Clooney? Anos se passaram, dezenas de médicos trabalhadores e amigos, mas também grosseiros, malcheirosos e safados passaram pelos meus plantões. Até que, semana passada, conheci o Dr. Machado. Gente, o cara é tudo de bom!!! Ortopedista, 33 anos, alto, cheiroso, olhos azuis, solteiro! Agora penso: o sonho valeu a pena? To atacando como posso. Vamos ver no que dá... por ele, vestiria até uma mini-saia branca no maior estilo "enfermeira da carnaval". Torçam por mim.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Feliz ano velho

Eu gosto de diamante negro, um chocolate forte, crocante na medida certa. Leandra sabe que eu gosto de diamante negro, e por isso me presenteia com o mesmo ovo de páscoa todos os anos. Eu devo reclamar por ganhar o que gosto da pessoa de quem eu gosto?

Para a Majô, sim. Ela acha que caímos numa rotina, Leandra e eu. Logo ela, que nem sequer se lembra de quando foi a última vez em que teve a oportunidade de repetir a mesma roupa em um encontro com um cara. Às vezes, ela nem mesmo se lembra dos caras, mas deixa pra lá.

Quando ela vai entender que, num namoro de oito anos, são construídas certas bases, todo um modo de vida que não pode ser implodido assim, de uma hora para outra?

- Aposto que vocês nem transam mais – provocou outro dia a Bia, dando razão a nossa amiga.

Por essa eu não esperava. Logo a Bia, que sempre, ou quase sempre, deu uma força para nós dois. Foi ela quem me impediu de terminar com Leandra, logo depois de completarmos três anos. E ficou do meu lado quando deixei a banda em que tocava por conta do ciúmes dela, ao contrário da Majô, que quis me matar. Bia estava quase sempre certa, para o meu desespero. E não foi diferente desta vez.

Passamos a Páscoa na casa dos pais de Leandra, no interior. E passamos os quatro dias – e, principalmente, as três noites – em branco. Tentei todo tipo de abordagem e técnica de sedução para convencê-la a fazer amor comigo, mas ela parecia de pedra.

- Alguém pode ouvir a gente – sussurrou, tirando minha mão debaixo da camisola dela.
- E daí? Nós até dormimos juntos na mesma cama. Seus pais deixaram de se importar com isso há muito tempo...
- Será que você só pensa em sexo? Eu sou só um pedaço de carne pra você?

Céus, a temida pergunta, para a qual eu nunca encontrava uma resposta adequada, como se houvesse alguma. Consegui apenas pedir desculpas, fazer novas juras de amor eterno e virar para o meu lado da cama, cabisbaixo, exceto por uma parte do corpo, é claro.

Hoje pela manhã, no escritório, enquanto despachava uns papéis sem importância, fiz as contas com calma e me espantei: Leandra e eu ainda não fizemos sexo em 2008. Nossa última vez foi na festa de fim de ano da firma, eu me lembrava bem. Quer dizer, nem tão bem porque acabei bebendo demais naquela noite...

Está bem, Majô, você venceu. Diamante negro é bom, mas como todo bom chocolate também é enjoativo.

quinta-feira, 20 de março de 2008

me dá um crunch? te dou um 'sensação'

tudo mudou de um ano pra cá na minha vida, até as idas aos supermercados. digo, principalmente as idas aos supermercados. porque desde que estou sem namorar, não preciso mais trazer coisinhas que agradem o "mô": danette, biscoito passatempo, cerveja miller (olha a viadagem), bisnaguinha... meu carrinho agora foi exorcisado e passa no caixa sempre com: activia, pão integral, leite desnatado, torrada integral, queijo minas, frutinhas, verdurinhas, sem contar as milhares de opções de comidas pré-prontas de porção única.

hoje, na véspera do feriadão de Páscoa, passei no supermercado. cheio como nunca, filas e mais filas... e ao andar pelos corredores repletos de ovos e Páscoa me dei conta de que pela primeira vez em quatro anos, não só o meu carrinho ia ficar sem a cerveja miller, como também sem ovo de páscoa. puxa, eu até estava com vontade de dar um sensação e ganhar um crunch, sabe? quem sabe no ano que vem... mas antes de ir para o caixa, dei uma ultima voltinha no corredor, espiei os preços, até estendi minha mão pra pegar um... mas senti q estava sendo observada pela promotora de vendas e temi ser desmascarada no meu ato fraudulento de comprar um ovo para mim mesma.

ao me ver em dúvida ela disse: "leva um serenata de amor"
respondi: "não é o caso"
ela riu e eu segui para o caixa de mãos abanando.

nessas horas queria ser como a Bia. ela está no mesmo time q eu, mas não tem desses problemas. comprou sem culpa um talento para se garantir, q eu sei, eu tava junto. e ela fez com a maior naturalidade do mundo... E o Jotapê não tem esse problema nem pra escolher o sabor. pelo décimo ano consecutivo, como todo mundo sabe, vai dar um sonho de valsa e ganhar um diamante negro. nao é? hehe

Você vem sempre aqui?

É impressionante como tenho o dom de atrair babacas na balada. Sempre sou alvo daqueles malas com o papinho:"Você vem sempre aqui? / Te conheço de algum lugar/Já te falaram que é uma princesa?"

Um saco. Antigamente tinha uma técnica pra despistar, falava que estava de plantão, e assim que perguntavam se eu era médica, eu já respondia: "Sou Caixa do Extra". Não sei porque isso é tão brochante. Até tem umas meninas bonitinhas no Extra e elas usam sombra, coisa que nunca tive saco pra passar. Até a Maria Paula, protagonista da novela das oito, trabalha lá. Merchandising engraçado esse, mas enfim...

Voltando ao papo dos maletas outro dia foi o pior: Eu falei que meu nome era Bia, daí ele respondeu, de Beatriz né? Eu disse que não, que era de Bianca. Não adiantou, o cara insistiu que era Beatriz e que eu estava mentindo. Não teve Cristo que me fizesse convence-lo. Até que ele começou a ser grosso e eu tive que chamar o segurança. Realmente, depois dessa, nem vou brigar quando me chamarem de Princesa.

domingo, 16 de março de 2008

Trabalho forçado

A Majô não podia me deixar em paz, nem pra escrever um maldito blog. Eu tinha que escrever também, ela insistia. Seremos nós três: primeiro eu, depois você, depois a Bia. Depois eu, depois você e depois a Bia. Depois...

- Acho que entendi – falei. – Mas não estou a fim, já estou cheio de coisas pra fazer.
- Você só enrola e nunca faz nada, você sabe.
- Mas um blog é algo muito pessoal, o que eu vou fazer no meio das coisas de vocês duas?
- Isso mesmo, você vai ficar lá, no meio. Qualquer um no seu lugar acharia o máximo.
- É, mas a Leandra não vai gostar nada...
- Ah, eu sabia! Sabia que tinha a ver com ela. Jotapê, deixa de ser bunda mole!
- Não vou. Quer dizer, eu não sou bunda mole. Você é quem precisa deixar essa birra com a Leandra de lado. Raciocina: eu e vocês duas, num blog, não dá certo. É uma questão de bom senso.
- "Questão de bom senso", isso é bem típico dela e de propaganda de cigarro. Depois tanto tempo juntos você nem tem mais pensamento próprio.
- É claro que eu tenho!
- Então prova! Taí o blog pra isso.

Ela sabia como argumentar. Ou eu não sabia. Ou sei lá, as mulheres sempre me dominaram, e aqui, pelo jeito, não vai ser diferente. Mas vamos lá. No fundo eu gosto disso.

sexta-feira, 7 de março de 2008

começando a coisa do começo

bom dia, eu sou Marjorie, tudo bom?
(shake hands)
mas pode me chamar de Majô.
não, sim.
eu gosto do meu nome.
é que, errr,
as pessoas não sabem dizer direito, então fica Majô.
mais prático.
não, não quer dizer "Maria João"

cansei de ouvir essa piadinha.
tá, eu já beijei mulher de selinho bêbada uma vez. E só!
quem não?
eu sei que um monte de gente não.
na verdade foi um beijo em grupo, tinha homem e mulher no meio
(não, a Bia e o Jotapê não estavam na confusão).
mas isso não faz de mim "Maria João".
tá, pode me chamar de Marjorie, se quiser.
eu gosto. não acho fresco.
soa bem com o meu sobrenome.
é bonito.

que mais?
eu sou arquiteta, tenho 24 anos.
trabalho com iluminação.
é legal. faz sentido.
vc tem o poder de fazer umas coisas brilharem
e deixar outras na sombra

aqui nesse blog (nunca escrevi num antes, me ajudem? comentem?) quero fazer o contrário.
botar luz, quer dizer, um holofote nas minhas coisas que ficavam escondidas.
ops, acho q já comecei a fazer isso há algumas linhas acima
hehe

bom, espero q vcs se divirtam com isso.
eu vou!