sábado, 12 de julho de 2008

A volta de L.

Leandra esteve em casa ontem. Eu nem queria escrever nada a respeito, mas tenho certeza de que ou a Majô ou a Bia iam acabar dando com a língua nos dentes. E tudo o que aconteceu não pára de martelar a minha cabeça, como uma ressaca de bebida falsificada.

Foi a primeira vez que nos encontramos desde o fim do namoro, coincidência ou não numa sexta-feira à noite, em casa.

Ela trouxe uma sacola com uns CDs, livros e tranqueiras que havia emprestado para ela e que eu já considerava perdidos. Mas ela não tinha a intenção de devolver, como pude logo perceber.

Enquanto eu conferia o conteúdo da sacola (os itens mais valiosos eram o Magical Mistery Tour, dos Beatles, e o Agosto, do Rubem Fonseca), ela foi tirando a roupa e, quando percebi (ok, percebi um pouco antes, mas fingi que não de propósito), ela já estava em cima de mim, desabotoando os meus botões.

- Espere - eu interrompi, heroicamente.

- Você tinha razão, João Pedro!

- Eu?

- Sim, não vamos mais falar sobre isso. Vem!

Tentei dizer que nós nem chegamos a conversar sobre assunto nenhum, mas nessa hora a cabeça de baixo já estava no comando. Foi uma transa como outra qualquer que tivemos nesses oito anos de relacionamento, até mesmo a abstinência de dois meses estava dentro da nossa média. Leandra não parou de falar um instante, reclamou que ficou muito mal longe de mim e que havia acabado de saber que bombou mais uma vez no exame da ordem.

É claro que fiquei péssimo depois que tudo acabou, me sentindo o pior dos seres humanos. Ela percebeu e logo retomou a falação. Contou que todos da família dela sentiram falta, a mãe, a irmã e principalmente a sobrinha pequena, que eu adoro.

- Acessava o blog todos os dias para saber de notícias suas - ela disse.

- É? - perguntei, doido para me dar uns tapas na cara.

- Um cara como você não fica sozinho muito tempo. Achei um absurdo essa história da Cris. Estava na cara que você não estava a fim dela.

- Mas eu estava, ou melhor, estou.

- Ai, João Pedro, esse tipo não é pra você. Mulher mais oferecida...

- E o que você acabou de fazer agora, não foi se oferecer?

- É diferente, nós somos namorados.

- Não somos mais.

- Esquece isso, tá? Vamos curtir o nosso momento...

Eu não queria nem achava certo ser rude com ela. Teria sido melhor se eu tivesse feito isso antes.

- Leandra, isso não vai dar certo.

- Como não? Você viu? Eu até emagreci só pra te agradar. Aí você vai poder dizer no seu blog como a sua namorada é gostosa.

- Eu gosto, ou melhor, gostava de você como você era - eu não parava de confundir os tempos verbais. E não havia notado nenhuma perda de peso.

- Eu sei, pisei na bola. Mas eu não fiquei com ninguém desde que a gente se separou, acredita?

- Teria sido melhor ser fiel enquanto nós estávamos juntos.

- Nossa, como você guarda rancor! - ela reclamou, cinicamente.

- Isso não vai dar certo, Leandra - repeti.

Em resposta, ela veio com um longo discurso, que de tão longo eu nem me lembro direito das palavras. Mas a moral da história era que, para a Leandra, eu não sei como são as mulheres hoje em dia. Elas mudaram muito e um cara como eu não saberia como lidar com isso.

- Veja só o exemplo da sua amiga Majô.

- O que tem ela?

- Ela parece o homem daquele blog! Enquanto você e a Bia ficam se lamentando, ela conta vantagens. Até hoje fico com pena daquele menino que ficou meio-mastro com ela.

- Esse cara teve o que mereceu, era um intelectualóide metido a besta. Além do mais, não admito que você fale da Majô desse jeito.

Leandra tentou remediar, dizendo que eu tinha razão, que não ia mais falar mal das minhas amigas. Mas era a mesma ladainha há oito anos, e agora eu estava vacinado, pelo menos contra esse tipo de armação. Ela foi embora pouco tempo depois prometendo voltar, como se nada tivesse acontecido. Mas, sim, algo aconteceu. Definitivamente.

4 comentários:

Anônimo disse...

Não fique tao mal J, eu faria o mesmo! agora dá um pé na bunda dessa rampeira!

Anônimo disse...

ph, vc tá tão bombado q nao consegue mais nem ter coordenacao motora pra digitar o próprio nome?

Anônimo disse...

Estou adorando o papel de vilã nesse bloguinho de vcs! Eu sei que o João Pedro sabe o que sente e não vai deixar se enganar.

Anônimo disse...

Majô e Bia, cadê vcs?